sábado, 30 de agosto de 2008

Sonho, ficção e utopia

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Na estrada ele encontrou gente, gente de verdade. Loucos? Essas pessoas que saem por aí, sem destino, podem ser consideradas loucas? E olha que ele conheceu muitas. Tedoro por exemplo tinha sonhos. Sonhos acordado. Seus pés demonstrava que a caminhada da sua vida não tinha fim. Mas o seus pés estavam desgastados. Um par de chinelo colorido. Um azul e o outro laranja. Um próximo do 40 e o outro 44. Achou na estrada.

Teodoro falava de Deus e ao mesmo tempo não acreditava Nele. Teodoro era um daqueles ateus que entrega a vida a Deus. Um Deus sem religião. Teodoro nasceu numa região, pelo que ele falava era o Maranhão. Caminhando ele fugiu de lá. "Aqui tenho paz", repetia ele. Aqui onde? Na estrada? Neste dia os dois ganharam pratos de comida num restaurante num lugarejo empoeirado do interior do Paraná. Teodoro nem sabia onde estava. Podia estar andando em círculos. Do prato com feijão, arroz e bolinhos de arroz ele comeu só os bolinhos. O arroz e feijão fica para
a janta ele diz. Teodoro come pouco. Sua filosofia de andarilho diz que comer pouco viverá mais. Caminhará mais. Caminhar e viver eram as mesmas coisas para ele. Nunca ninguém viu sujeito com tanta esperança e alegria. Teodoro é inteligente. Bebe muita água. Água é o combustível para suas pernas. Carregava um livro velho. Dizia que a leitura era o combustível para a cabeça. A comida era para o sangue. O livro velho, sem capa, ele mesmo havia montado. Dizia ser seu livro. Livro por ele escrito. Na verdade ele montou o livro com diversos pedaços que encontrou na estrada. Misturou livros. Criou sua própria estória. Num dos trechos colados em cima de outra página estava escrito uma dedicatória com caneta e letra bem desenhada como as de um copista do século XIV. "Teodoro, dedico a você esse livro, você meu único leitor, aproveite a vida e vá com Deus, Teodoro" A dedicatória era para ele mesmo. Que histórias, que luz. A tarde terminou como uma sessão de autográfos.


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