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Fronteiras
A tríplice fronteira por essas bandas não é de países, mas sim de oportunidades. A nossa tríplice fronteira separa saúde, segurança e educação. Quando passo pela fronteira vejo o hospital, o presídio e a universidade. Três instituições presentes no nosso convivío social.
O "habitante" do presídio é chamado de detento ou presidiário. Do hospital chama-se paciente ou doente mesmo. Da universidade, estudante, universitário ou acadêmico. Há também os servidores: brigadiano, carcereiro, agente penitenciário, médico, enfermeiro, professor e muito mais. Mas "habitante" mesmo, a razão de ser dessas instituições, só esses três: detento, paciente e estudante.
Um sujeito pode ter tripla "cidadania"? Pode? Por que não? Mas a pergunta não é essa. A pergunta é o que difere esses "habitantes"? Por que um é detento e o outro estudante? Se existe uma explicação, uma resposta, ela pode ser encontrada no hospital.
Ambulâncias cortam a cidade levando pacientes para o hospital. Dentro delas tem uma pessoa baleada. Quando ela passa com seu uóóó, uóóó, eu sei que lá dentro tem um paciente. Ele requer cuidados médicos. Ele pode ser um detento, como pode ser um estudante.
Um detento foge do presídio porque não suporta o confinamento. Por outro lado, ele não consegue conviver em sociedade. Então ele assalta e ...
Um estudante saí da aula, porque precisa ir no banco pagar a universidade. Ele está fazendo o pagamento quando...
Um habitante qualquer está desesperado. Não consegue tabalho, não teve oportunidade de estudar, está marginalizado, ou seja, está à margem dessa sociedade passa caminhando na frente de um banco quando decide...
As estórias se entrecruzam. Mas quem foi para o hospital neste dia foi o detento. Pensou que para cadeia nunca mais ia, acabou indo pro hospital. Foi baleado pelo vigia. O vigia já foi estudante. Se formou em Direito, não conseguiu emprego como advogado. Podia ser detetive ou delegado. Agente penitenciário ou "advogado de porta de cadeia". Mas se contentou com o emprego de vigia.
O transeunte desesperado e desempregado pede o que está acontecendo para o estudante que acaba de pagar a universidade no banco que estava sendo assaltado pelo detento. [Ufa!] O estudante assustado apenas diz: "menos um pra incomodar". Menos um o quê!?, pergunta-se o transeunte. Menos um sem oportunidade?
Ambulâncias cruzam a cidade de Metalúrgica diariamente. E a tríplice fronteira representa uma encruzidada, não de escolhas mas de oportunidades.
sexta-feira, 16 de março de 2007
Voz embargada
Postado por Lêandro às 18:48
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