.
Mais uma do Humberto Gessinger. Por quê? 
Porque essas letras nos lêem. 
O cara é um poeta. 
Letras que nos entendem, 
tendem a nos encantar.
Cantos que decifram, 
cifras que nos envolvem.
Voltam a ser letras
umas atrás das outras.
Às vezes nunca
  
'tô sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar
 pra amores secretos, revistas semanais e deputados federais
 às vezes nunca sei se "AS VEZES" leva crase
 às vezes nunca sei em que ponto acaba a frase (.,;?!...)
 você sempre soube (eu não sabia)
 toda frase acaba num riso de auto-ironia
 você sempre soube (eu não sabia)
 toda tarde acaba com melancolia
 e, se eu escrevesse "SEM" com "S", ou escrevesse "CEM" com "C"?
 ?por acaso faria alguma diferença?
 ?que diferença faria?
 ?o que você faria no meu lugar...
 ... se tivesse pr'aonde ir e não tivesse que esperar?
 ?o que você faria se estivesse no meu lugar...
 ... se tivesse que fugir e não pudesse escapar?
 você sempre soube que eu não conseguiria
 quando a frase acaba tarde, tudo fica pr'outro dia
 você sempre soube, eu não sabia
 toda tarde acaba em melancolia
 às vezes não entendo minha própria letra
 minha própria caneta me trai
 às vezes não entendo o que você quer dizer quando fica calada
 você sempre soube (eu não sabia)
 quando a frase acaba o mundo silencia
 às vezes não entendo onde você quer chegar quando fica parada
 é como ficar esperando cartas que nunca vão chegar
 não vão chegar com "X" nem vão chegar com "CH"
 é como ficar esperando horas que custam a passar
 enquanto ficamos parados, andando pra lá e pra cá
 é como ficar desesperado de tanto esperar
 olhando pela janela até onde a vista alcançar
 é como ficar esperando cartas que nunca vão chegar
 é como ficar relendo velhas cartas até a vista cansar
 você sempre soube - eu não sabia
 você sempre soube - eu não sabia 
.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Às vezes
Postado por Lêandro às 12:33
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
lembrou-me um filme que vi uma vez...
"tornamos-nos uma máquina de esperar.
No momento esperamos a comida, depois será a correspondência e a qualquer momento uma bomba inimiga que pode acabar com nossa ansiosa e tediosa espera"
Henrich Straken
Postar um comentário