quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Tarrafadas num dia azul

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Eram quatro, chegou mais um e mais um. Eles eram pescadores. Pescavam com tarrafas. Seu poder de pesca naquele oceano imenso era algo desprezível. Três metros. Tudo o que alcançavam. Eles olhavam as ondas. Quietos, pareciam se comunicar com os peixes. Meditavam. Eu ali não entendia o que eles estavam tentando ver. Um mancha escura podia ser um cardume. Volta e meia, um deles se aprumava e lançava todo aquele náilon enredado e com pesos nas pontas no mar. Quando a rede era puxada, vinha vazia. Como que frustrado, arrumava-a toda e ficava pronto pra outro bote. Toda tentativa era válida. Eles conheciam a sua pequenez diante daquela imensidão. Mais uma experiência. Cada lançamento, um aprendizado.

Num momento eles jogaram suas redes ao mesmo tempo. Todos eles haviam visto algo. Apenas um peixe. Apenas uma tarrafa. Apenas um pescador. Peixe grande. Sorriso na boca. Cara cansada. Por hora e horas repetiam a mesma ação. O tempo de observação era cada vez maior. Em uma hora, três a quatro tarrafadas. Nada mais que isso. Na cesta, dois peixes.

O céu azul, azul mesmo. As nuvens tinham dado um descanço naquele dia. Dia 15 a Guarda estava cheia. Cheia de gente. Surfistas, pescadores e crianças. Cães frequentavam aquela manhã. Era um belo dia de sol. Enquanto isso eles, com suas tarrafas iam se divertindo com o sol, com as ondas e com os peixes. Acima deles, tudo azul.

1 comentários:

Mirella Mattos disse...

deve ser algo realmente lindo de se ver...
beijos