O primeiro turno das eleições se foi. O susto no PT e no Lula foi dado. Agora é momento de analisar. A elite conservadora, detentora dos maiores meios de comunicação do Brasil conseguiu o que queria: um segundo turno.
Agora deixemos as mágoas, os ressentimentos, a desesperança e com muito cuidado vamos refletir. Se Lula é a continuação do governo FHC, então por que o Alckmin é quem vai enfrentá-lo no segundo turno?!
Mais do que antes, a disputa tornou-se ideolólgica. É certo que são propostas ideologicamente muito próximas. Mas são diferentes na origem. No momento, o importante é distinguí-las. Imagino também uma revolução socialista, ideologicamente de esquerda. Vejo também que o Brasil não é um país maduro para uma transformação brusca. Imaginem, que se o Lula com um governo moderado já atrai a ira da elite e da grande imprensa que o apedreja por todos os lados, o que seria dele se quebrasse do dia para a noite esta lógica neoliberal?
Lula, na minha opinião, é um governo de esquerda que "come sopa pelas bordas" deixando-a esfriar. Desta forma ele "come toda a sopa sem queimar a boca". Ele mesmo não está contente. Admiro ele admitir, enfim não é perfeito. Cabe trazer a luz que ele governou sem privatizar. Quer dizer, ele não contou com dinheiro das privatizações que contou FHC. Mas isto a imprensa não lembra.
Sem rancores amigos de esquerda, se Lula não for eleito, Alckmin será. E para que servirá toda a mágoa. O susto com certeza já foi dado.
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
Tá dado o susto
Postado por Lêandro às 18:11
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1 comentários:
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02/10/2006
O que está em jogo
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se a Petrobrás vai ser privatizada – como afirma o assessor de Alckmin, Mendonça de Barros à revista Exame – e, com ela, o Banco do Brasil, a Caixa Economia Federal, a Eletrobrás.
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se os movimentos sociais voltarão a ser criminalizados e reprimidos pelo governo federal.
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se o Brasil seguirá privilegiando sua política externa de alianças com a Argentina, a Bolívia, a Venezuela, o Uruguai, Cuba, assim como os países do Sul do mundo, ao invés da subordinação à política dos EUA.
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se retornará a política de privataria na educação.
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se a política cultural será centrada no financiamento privado.
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se teremos menos ou mais empregos precários, menos ou mais empregos com carteira de trabalho.
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se haverá mais ou menos investimentos públicos em áreas como energia, comunicações, rodovias, saneamento básico, educação, saúde, cultura.
O que está em jogo no segundo turno não é apenas se seguiremos diminuindo as desigualdades no Brasil mediante políticas sociais redistributivas – micro-crédito, aumento do poder aquisitivo real do salário mínimo, diminuição do preço dos produtos da cesta básica, bolsa-família, eletrificação rural, entre outros – ou se voltaremos às políticas tucano-pefelistas do governo FHC.
O que está em jogo no segundo turno é tudo isso – o que, por si só, é de uma enorme proporção e já faz diferença entre os dois candidatos. O que está sobre tudo em jogo nos segundo turno é a inserção internacional do Brasil, com conseqüências diretas para o destino futuro do país.
Com Lula se manterá a política que privilegia a integração regional e as alianças Sul/Sul, que se opõem à Alca em favor do Mercosul. Com Alckmin se privilegiariam as políticas de livre comércio: Alca, assinatura de Tratado de Livre Comércio com os EUA, isolamento da Alba, debilitamento do Mercosul, da Comunidade Sul-Americana, das alianças com a África do Sul e a Índia, o Grupo dos 20.
O que está em jogo no segundo turno é a definição sobre se o Brasil vai subordinar seu futuro com políticas de livre comércio ou se o fará em processos de integração regional. Isso faz uma diferença fundamental para o futuro do Brasil e da América Latina. Adotar o livre comércio é abrir definitivamente a economia do país para os grandes monopólios internacionais – norte-americanos em particular -, é renunciar a definir qualquer forma de regulamentação interna – de meio ambiente, de moeda, de política de cotas, etc. É condenar o Brasil definitivamente à centralidade das políticas de mercado, com a perpetuação das desigualdades que fazem do nosso o país mais injusto do mundo.
O que está em jogo no segundo turno então é se teremos um país menos injusto ou mais injusto, se teremos um país mais soberano ou mais subordinado, se teremos um país mais democrático ou menos democrático, se teremos um país ou se nos tornaremos definitivamente em um mercado especulativo e nos consolidaremos como um país conservador dirigido pelas elites oligárquicas (como um mistura de Daslu mais Opus Dei). Se seremos um país, uma sociedade, uma nação – democrático e soberanos - ou se seremos reduzidos a uma bolsa de valores, a um shopping center cercado de miséria por todos os lados.
Tudo isto está em jogo no segundo turno. Diante disso ninguém pode ser neutro, ninguém pode ser eqüidistante, ninguém pode ser indiferente.
Postado por Emir Sader às 13:05
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