Rios, blogues e pensamentos

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Quem escreve um blogue não tem pretensão que ele seja lido. Se lido melhor. Eu leio o meu blogue para melhorar minha escrita. O blogue está lá. E não aqui. Essa distância facilita. O texto não nos pertence mais e assim podemos vê-lo a distância.

Um blogue é como um rio. Tu senta do lado dele e fica pensando na vida. No rio, as águas passadas jamais voltam. E se voltam, retornam transformadas e diferentes. O ciclo da água é como o dos pensamentos no blogue. As postagens se sucedem. As águas vão passando. O que eu escrevo hoje talvez não faça mais sentido amanhã. Textos sobre amor mudam a todo momento. O amor sempre é o mesmo. O que muda é o que amamos. Sobre política também ocorre o mesmo. Mudam as idéias mas a ideologia continua a mesma. Tudo isso ocorre porque a gente está sempre fadado a enganar-se. Esse é o meu processo de aprendizado. Busco conhecimento, me engano, busco mais conhecimento. Tudo isso como o ciclo da água que está sempre alimentando o rio. E o rio está sempre aprendendo. As águas do blogue sempre levando as palavras.

Hoje, acordei cedo, fui a beira do rio e vi águas novas. Tudo era mais cristalino. Enchi meus pulmões e respirei fundo. O ar também era mais puro. Percebi que não era a água que estava mais cristalina. Ora, anos e anos e a água era a mesma. Nem o ar podia ter mudado. Percebi na beira daquele rio que foram meus pensamentos que se transformaram. Tornaram-se mais puros e cristalinos. Os rios são como os blogues. Nos fazem perceber que tudo muda. O importante é a qualidade dos nossos pensamentos.