A grande mídia comercial não assume sua ideologia! Não assume, porém age. Age à direita, age aos interesses da elite conservadora, das empresas... enfim não poderia admitir outra possibilidade.
Esta mídia foi no "fígado" do Partido dos Trabalhadores sobre a possível compra do dossiê que incriminaria o tucano José Serra e demais agentes da direita brasileira. A mídia esqueceu o dossiê. Um dossiê é um documento. Não é ficção. Me admiro a imprensa esquecer este detalhe. Parece também um tanto ingênuo tudo o que aconteceu. Teoria da conspiração? Armação? Quem está desesperado? O operário ou o Al Qmin?
A participação do PT neste dossiê parece ser fato. Fato também é a participação de Serrá no conteúdo deste dossiê. Me preocupa muito tudo isto. Enquanto isto vou vivendo...
sábado, 23 de setembro de 2006
Doce dossiê da direita
Postado por Lêandro às 11:08
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23/09/2006
Significados da derrota e da vitória
A política econômica, tal qual transparece claramente do discurso de campanha tucano, seria uma retomada forte dos contornos mais ortodoxos do modelo liberal. O “choque de gestão” que Alckmin anunciou – e deixou guardado, pelo contraste altamente negativo para ele diante do “choque social” com que Lula respondeu – expressa isso, além da equipe econômica que ele ameaçou lançar mão. Seria uma retomada da política econômica de FHC onde este havia sido obrigado a deixá-la: a privatização da Petrobrás, da Eletrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, voltariam centralmente à pauta do governo. FHC recém acabou de reivindicar seu processo de privatizações, fortalecendo o compromisso programático dos tucanos com o liberalismo econômico ortodoxo.
A política internacional tucana aponta claramente – nas declarações do candidato e de FHC – para um abandono da centralidade d eixo Sul/Sul e a retomada de relações privilegiadas com os EUA, que implicariam no fim definitivo do Mercosul e na aceleração da Alca, com a assinatura de Tratado de Livre Comércio com os EUA.
As políticas sociais voltariam à inocuidade que tiveram nos 8 anos em que foram dirigidas pela ex-primeira dama, Ruth Cardoso, retomando a centralidade das metas econômico-financeiras. No plano educacional, a privataria, que multiplicou como nunca na nossa história as faculdades particulares, retomaria seu caminho. Os movimentos sociais – o MST em primeiro lugar – seriam vítimas de repressão e criminalização. O salário mínimo seguiria defasado em termos de poder aquisitivo diante dos preços, a desigualdade retomaria seu caminho histórico de consolidação.
Não é estranho, diante da possibilidade que a oposição de direita propõe – ou ameaça -, que o pronunciamento das urnas se anuncia como uma vitória esmagadora do governo Lula. Apesar de não haver saído do modelo econômico neoliberal – responsável pelo baixo crescimento econômico -, apesar da política que tem favorecido os trangênicos em detrimento da política de auto-suficiência alimentar, do andamento lento da reforma agrária, da repressão às rádios comunitárias, do pouco incentivo ao software alternativo –, apesar disso tudo, o povo percebe que a melhor alternativa hoje é a da reeleição.
A derrota do bloco tucano-pefelista será uma grande derrota da direita no Brasil. Ela ganhou nova cara com o governo FHC, que promoveu a aliança da elite paulista com a nordestina, em torno do plano de estabilidade financeira, da privatização, da abertura acelerada da economia, da desregulamentação, da projeção do capital financeiro – em sua forma especulativa – ao posto hegemônico na economia, entre tantas outras coisas, todas regressivas e negativas para o Brasil. O espaço para o crescimento e fortalecimento da esquerda voltará a ser amplo. Para o que será necessário que o governo leve à prática um novo modelo econômico, com crescimento, distribuição de renda, criação de empregos, fortalecimento da organização popular, consolidação dos projetos de integração regional e de articulação com o Sul do mundo.
Essa derrota deve representar uma nova oportunidade para formular e desenvolver um projeto posneoliberal, valendo-se da divisão e desconcerto que já se apossou da direita – dos seus lideres políticos, dos seus cronistas na mídia, dos dirigentes partidários. Valendo-se também do novo caudal de votos recebidos, da composição claramente popular dessa votação, da desarticulação dos discursos da direita, abre-se espaço para um discurso de democratização social, de soberania nacional, de integração regional, de reformas democráticas do Estado e do conjunto do sistema político.
Essa nova oportunidade será, ao mesmo tempo, uma nova oportunidade para a esquerda se recompor, recuperar capacidade de formulação de propostas e de mobilização social, de protagonismo político – nacional, regional e internacional -, enfim, reaparecer como alternativa para a crise hegemônica em que vive o país, produto das políticas neoliberais. Para que a derrota do bloco de direita – tucano-pefelista – represente realmente uma vitória da esquerda e do movimento popular.
Postado por Emir Sader às 20:02
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