Me serviu o fato das campesinas terem ocupado a Aracruz Celulose. Hoje compreendo melhor o que é a exploração da Aracruz e o desastre da plantação de eucalipto.
Hoje já não tenho mais pena, tenho tristeza...
Mudos
texto de Eduardo Galeano,
em protesto contra as plantações de eucalipto
Muitos são os anéis que seus aniversários desenharam em seu tronco.
Estas árvores, estes gigantes cheios de anos,
levam séculos cravados no fundo da terra, e não podem fugir.
Indefesos diante das serras elétricas, rangem e caem.
Em cada derrubada o mundo vem abaixo; e a passarada fica sem casa.
Morrem assassinados os velhos estorvos.
Em seu lugar, crescem os jovens rentáveis.
Os bosques nativos abrem espaço para os bosques artificiais.
A ordem, a ordem militar, ordem industrial, triunfa sobre o caos natural.
Parecem soldados em fila os pinheiros e eucaliptos de exportação,
que marcham rumo ao mercado internacional.
Fast food, fast wood: os bosques artificiais crescem num instante
e vendem-se num piscar de olhos.
Fontes de divisas, exemplos de desenvolvimento, símbolos de progresso,
esses criadouros de madeira ressecam a terra e arruínam os solos.
Neles, os pássaros não cantam.
As pessoas os chamam de bosques do silêncio.
Eduardo Galeano
segunda-feira, 10 de abril de 2006
Prá que tudo isso
Postado por Lêandro às 14:57
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