A curiosidade levou-me a conhecer a empresa 'vítima' das campesinas do MST. Prestando a atenção nas reportagens feitas pela grande mídia quis saber quem era aquela empresa? O que ela produzia? Por que um 'bando' de mulheres a invadiram? Encontrei algumas informações, não nessa mesma mídia, mas na internet.
Na internet, descobri através do próprio anúncio de seu balanço anual que os resultados financeiros de 2005 bateram seus recordes de produção e vendas. O lucro líquido da Aracruz foi de R$ 1.168 bilhão ou seja R$ 1,13 por ação. “Muita riqueza está envolvida nas operações da indústria de celulose no País e é isso que parece motivar as ações dos defensores das "terras produtivas" da Aracruz, na grande imprensa”, comenta Eliana Rolemberg, diretora executiva da Coordenadoria Ecunênica de Serviços.
Segundo a grande imprensa a Aracruz é uma grande geradora de empregos. Mas isso parece não ser verdade. Os estudos realizados pela Universidade Federal do Espírito Santo e pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) demonstraram que a vasta monocultura do eucalipto é altamente mecanizada em todas as suas fases e emprega muito pouca mão-de-obra. “A Veracel (da Aracruz), com todo o seu mega-faturamento e seu gigantismo, promete gerar só cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos no Brasil, sem especificar por quanto tempo (sabe-se que a indústria da celulose cria um emprego por 185 hectares de terra ocupada) ao passo que o desenvolvimento de um programa de agricultura familiar variada pode gerar até 30 postos de trabalho permanente por hectare cultivado”, explica Eliana Rolemberg.
“O impacto ambiental das atividades da Aracruz é enorme. Não foi á toa que, para lutar contra os danos que a monocultura do eucalipto causa ao meio ambiente, mais de cem organizações ambientalistas brasileiras criaram a Rede Deserto Verde, para evitar a continuidade da compra de terras pela Aracruz no Brasil. Além da evidente destruição da biodiversidade zoobotânica pela sua monocultura, o eucalipto é responsabilizado por exaurir lençóis de água subterrâneos, em curto período de tempo. Um estudo da FASE, publicado em março de 2006, após seis meses de análise dos rios Sahy, Guaxindiba e Doce, localizados em reservas indígenas Tupiniquim e Guarani, no Norte do Espírito Santo, indica que a empresa estaria se apropriando da maioria dos recursos hídricos da região e deixando as aldeias sem água. Após adquirir 90% das terras em torno das fontes de recursos hídricos, a Aracruz consome por dia, sem pagar por isso, o equivalente ao consumo de 2,5 milhões de pessoas, o que perfaz quase toda a população do Estado”, denuncia Eliana.
Mas as ações dessa empresa não param por aí. Em janeiro de 2006 a empresa montou uma operação de guerra para destruir duas aldeias e expulsar os índios Tupiniquim e Guarani da sua terra. Sem sequer receber ordem de despejos os indíos foram surpreendidos com violento ataque.
Hoje descobri quem é aquela pobre empresa atacada pelas 'baderneiras' campesinas. Hoje fiquei com pena da Aracruz. Hoje fiquei com pena do 'jornalismo' praticado no país. Hoje fiquei com pena do povo brasileiro que se deixa iludir. Hoje fiquei com pena de mim por não saber protestar.
segunda-feira, 27 de março de 2006
Quem têm pena da Aracruz Celulose?
Postado por Lêandro às 21:02
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