quinta-feira, 3 de abril de 2014

Associação das Cigarras

A inversão da fábula da cigarra e da formiga por Carlinhos Hartlieb 

Associação das cigarras
Carlinhos Hartlieb

Depois de vários anos
cantando pro formigueiro
a cigarra parou um dia,
o som tinha sido legal
mas alguma coisa acontecia
e ela passava mal.
Estava cansada de fato,
cantara por tanto tempo
que esqueceu de comer
e agora dentro da barriga
como encher o vazio,
ela não conseguia saber

As formigas no entanto
continuavam ligeiras
nem notaram que ali acabava
a vida de uma cigarra
entre milhares de outras
cantadeiras verdadeiras.

Na 10ª geração
vinda depois da nossa amiga
as cigarras haviam mudado,
já se olhavam entre si.
E até vaziam do canto,
profissão reconhecida.

Aqui vai a nossa homenagem a todas aquelas pessoas que
se dedicam a arte musical. A todas aquelas pessoas que dão a sua
vida para sua música. Muito obrigado a todos.

Um dia então aconteceu,
o rei do formigueiro apareceu
convidou aquelas que quisessem,
separou das que não gostou.
E ordenou a cantoria
que a noite inteira não parou.

Quando amanheceu o dia
muitas haviam sucumbido,
outras o canto perdido.
O rei e as formigas dormiam
comemorando a vitória,
o feriado e um povo ferido.
Dali em diante a tristeza
acompanhou o cantar,
eram notas em tom menor
e eram som bonito
que o formigueiro aflito
nem conseguia notar.
Então as cigarras um dia
pousaram todas na figueira
e ouve um silencio total
nada no ar se mexia
e o tempo foi passando
e nada nada acontecia
a não ser o formigueiro
que mais e mais tremia.
Parecia que lá dentro
ninguém mais se entendia.
Foi um estouro de alívio
que recomeçou a cantoria.  


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