quinta-feira, 28 de julho de 2011

Um canto para a milonga

Milongueando uns Troços 
Mauro Moraes
Era inverno sim, eu perdido em mim
Rabiscava uns versos pra enganar a dor O tédio, o pranto, o tombo E encantava mágoas milongueando sonhos Mas havia em mim, um cismar doentio De agradar estimas aos atalhos gastos Dos compadres músicos Repartindo as tralhas tendo o olhar recluso Somos dessa aldeia filhos de parteiras Na parelha injusta da cor Somos pensadores sem pedir favores Somos dessa plebe, febre de palavras Na fronteira oculta dos rios Somos cantadores sem pedir favores Caso esta biboca, cova da desova Dilarece o fruto, mastigando o gulo O sumo, o tudo, o nada Pego essa pandilha e engravido a rima Se amor der sombra, a sesteada é pouca Pra escorar no esteio, os livros, os arreios O riso humano, o cusco, os ossos E talvez amigos milongueando uns troços.

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