Viva o Brasil! Viva nossa política externa soberana  e independente!   
Corvos, urubus, tucanos, todos torcendo  contra uma negociação pacífica do conflito em torno do Irã, porque é Lula quem  conduziu essas negociações, o que fortaleceria ainda mais sua imagem. Enquanto  que um eventual fracasso, mesmo que levasse a um novo conflito bélico de  proporções, contanto que pudesse ser explorado internamente em termos  eleitorais, favoreceria a oposição, nos seus mesquinhos e desesperados cálculos  eleitorais.
Não importa o destino do Oriente Médio, do mundo, contanto  que Serra possa ter alguma esperança de se eleger. Eleger um candidato que disse  que o Mercosul é uma “farsa”, que o Brasil fez “uma trapalhada” em Honduras, que  o ingresso da Venezuela no Mercosul era “uma insensatez”, que “não convidaria o  primeiro ministro do Irã para vir ao Brasil, nem iria ao Irã”.
Dane-se a  paz no mundo, contanto que a candidata de Lula não siga sua curva ascendente,  que a faz superar a seu candidato na pesquisa do Vox Populi. Dane-se a paz no  Oriente Médio, contanto que se possa consignar alguma “gafe” de Lula na viagem  ao Irã. Dane-se o mundo, contanto que os interesses da direita brasileira sejam  preservados.
Essa visão estreita, provinciana, se choca abertamente com a  importância do acordo conseguido e com suas repercussões internacionais. Ainda  mais porque contradiz o ceticismo do governo norteamericano – Hillary mencionou  o tamanho da montanha que Lula teria que escalar para conseguir o acordo e dos  porta-vozes da militarização dos conflitos em escala mundial. Onde outros  fracassaram ou apostaram que nem valia a pena buscar negociações, o Brasil  triunfou. 
O Brasil soube buscar aliados – Rússia, China, Turquia, França  – para abrir um espaço de negociação política, que se revelou possível e  correto. A posição brasileira de que os EUA – e outras potências – possuindo  imensos arsenais nucleares, não tinham moral para buscar acordos que limitem a  disseminação de armamento nuclear, abre caminho para outras iniciativas de  paz.
Em Israel e na Palestina, Lula deixou claro que os EUA não são o bom  negociador para a paz na região, tanto porque são parte integrante do conflito,  ao definir a Israel como seu aliado estratégico, como porque fracassou ao longo  do tempo, sem que se tenha obtido a concretização do acordo da ONU de garantir a  existência de um Estado palestino nas mesmas condições do Estado  israelense.
Faltava que a candidatura de Lula fosse lançada ao Prêmio  Nobel da Paz, para que uma imensa grita se estendesse por aqui, para que esse  merecido reconhecimento internacional não projetasse de vez o Brasil como um  novo sujeito em negociações de paz, projetando-nos como país que contribui  efetivamente para sairmos de um mundo unipolar, sob hegemonia imperial de uma  única super potência e para a criação de um mundo multipolar.
Devemos  sentir-nos orgulhosos da diplomacia brasileira e da política internacional do  Brasil, da atuação de Lula e de Celso Amorim. Devemos lutar ainda mais para  consolidar essas diretrizes da política exterior brasileira e contribuir para  que ela não apenas prossiga, mas se estenda e ajude ainda mais a construir um  mundo em que os conflitos não sejam mais objeto de intervenções militares, mas  de negociações políticas, pacíficas, que respeitem o direito de todos,  especialmente dos que, até aqui, foram oprimidos pelas potências que concentram  os maiores arsenais do mundo e pretendem perpetuar seu domínio sobre uma ordem  mundial injusta.
Postado por Emir Sader | 17/05/2010 
 Agência Carta Maior
terça-feira, 18 de maio de 2010
Lula é o "cara"
Postado por Leandroo às 13:58
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