segunda-feira, 14 de abril de 2008

Imprensa golpista

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PIG é o nome da mídia

Fonte: Diário Guache
http://www.diariogauche.blogspot.com/

Assim como existe um mercado de automóveis, um mercado de terras, um mercado de moedas, etc., existe um mercado de palavras – o mercado lingüístico como se referia Pierre Bourdieu.

As palavras são apropriadas pelas pessoas, pelos grupos sociais, pelos interesses econômicos e assim por diante. Elas servem para dar nome a objetos, situações, estados naturais, sociais e culturais. As palavras são apropriadas, capturadas, como um bem material qualquer, só que constituem um bem simbólico. Cassirer diz que o homem é um animal simbólico. E é.

As palavras são símbolos, representações, de algo concreto ou abstrato que nós usamos para nos expressar na relação social.

Estou lembrando disso, para ressaltar a notável expressividade do nome PIG (Partido da Imprensa Golpista), que teria sido cunhado pelo deputado Fernando Ferro (PT-PE), mas divulgado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e a blogosfera de esquerda.

Por que Partido? Porque a mídia oligárquica representa o papel de intelectual orgânico das forças sociais conservadoras do Brasil, mais até do que os próprios Partidos cartoriais tradicionais, porque têm mais capacidade de difusão das idéias e reações dos setores oligárquicos, pensa e propaga politicamente seus interesses e agita a cena pública com dinamismo e capacidade de disputa.

Por que Golpista? Porque todos – em bloco – não hesitaram em apoiar de forma uníssona e sem vacilações o golpe civil-militar de 1964, bem como todos os movimentos autoritários e anti-democráticos havidos no Brasil entre 1930 e 1964, e ainda hoje, depois da redemocratização formal do País, depois de 1985, procuram sempre combater as forças populares e criar situações artificiais de instabilidade política que buscam o abrigo escuro do autoritarismo.

A rigor, o PIG tem nostalgia do seu passado de ouro: as poucas famílias detentoras da propriedade da grande mídia tupinambá (e que pautam por capilaridade todo o resto do sistema midiático brasileiro) não conseguem esquecer o regime escravocrata, as relações sociais da corte e do Império dirigido pela nobre família Bragança. A República, para o PIG, já constitui insolência nauseante, que dirá um governo híbrido como o de Lula, dirigido por castas ignaras e ascensionais que não conhecem o seu devido lugar na hierarquia sociológica do velho mandonismo de classe.

Por isso, o nome PIG é ótimo, expressa com rigor e clareza um conceito de classe para a mídia oligárquica. Para a esquerda blogueira forma um capital lingüístico de grande valor de mercado. É uma fala que comunica com competência e legitimidade de significados. Um capital cultural inestimável e uma apropriação através do discurso que resulta num ato político de imenso simbolismo.

Por isso, e muito mais, PIG é o nome da mídia.

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