segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ética ou Etiqueta

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Penso e escrevo sobre ética quando descobri a importância dela para as vocações. Principalmente para as da Comunicação Social. Escrevi uma monografia de graduação sobre ética. Nela percebi que mais importante que a vocação é a ética. O profissional de Relações Públicas, por exemplo, deixa de ser um RP quando deixa de lado a ética. Como diz o professor Pedrinho Guareschi, ninguém é ético as relações é que são. Códigos de Ética Profissional existem para nortear essas relações. Dito isso quero fazer um pequeno comentário sobre um debate que assisti hoje pela manhã na universidade onde continuo estudando Comunicação.

Era próximo das nove da manhã. Numa manhã de segunda ensolarada. Na porta era distribuido o "atualizado" código de ética do profissional de jornalismo. A palestra prometia. Tinha código de ética a vontade, pessoal dos sindicatos e o deputado Raul Pont, além é claro das demais "autoridades" docentes. Tenho que ir direto ao assunto. Não posso ficar enrolando. Resumindo o que entendi do debate, o capitalismo é o problema ético central. Mesmo que não queiramos ser radicais, temos que admitir que o capital, o poder econômico nos desvirtua e nosso coloca em direção à atitudes antiéticas. Essa é a trajetória da grande mídia, dos grupos comercias de comunicação.

Vamos lá então, dando "nomes aos bois", coisa que só o jornalista Ciro Fabres teve a petulância de fazer. Disse o que tinha que dizer, mostrou sua opinião. Falou da revista Veja, da rede Globo e deixou claro que a vocação capitalista destes grupos de comunicação os desvirtuam e os colocam nos saco dos antiéticos. Sim, "nome aos bois", é isso que está faltando. Temos que falar, gritar, "pixar", escrever, teorizar, sair as ruas, enfim mostrar nossas opiniões. A ditadura acabou, mas resquícios dela ainda nos oprimem de uma forma ou de outra. A autocensura é um problema.

Dando "nome aos bois" aos problemas éticos provocados pelo capitalismo posso contar um que acontecia na minha cidade natal. E não sei se não acontece ainda. As bancas de jornais que vendiam o jornal Zero Hora não podiam vender o jornal Correio do Povo. Isso não ocorria na época da ditadura, acontecia agora, a pouco, na democracia. Está lá, no Codigozinho de Ética que recebi hoje pela manhã que a informação é um direito. Que direito a RBS, monopólio que apoiou o golpe militar de 64, tem em negar através do poder econômico o direito de dar informação e livre concorrência do Correio do Povo?

O Código também trata da questão da soberania nacional no campo cultural, econômico e social. Investidores internacionais podem bancar meios de comunicação no Brasil como querem. O McDonalds instalou-se na pública Casa da Cultura da minha cidade e todo mundo tá achando normal. Ninguém fala nada. Nenhum jornalista tá preocupado com isso? AH mas se fosse o MST!

Tá, to exagerando? Se acha que sim então pra que código de ética!? Que hipocrisia é essa! Jornalistas???? Terrorista é o Bush e não o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad! Hugo Chávez foi eleito democraticamente várias vezes e a imprensa continua dizendo que ele é um ditador. Os grandes grupos de comunicação no Brasil estão à serviço do poder econômico de uma elite entreguista. Além disso a grande mídia conta com o apoio de políticos. No Rio Grande do Sul, o funcionário da RBS, Antonio Britto foi eleito governador. Jornalistas olhem que coisa mais antiética ou imoral, o chefe da Casa Cívil do governo FHC, o cidadão Pedro Parente é o vice-presidente da RBS. Que legal né! Puxa super normal!

Código Utópico de Ética dos Jornalistas, esse deveria ser o nome. Observem que não quero desmerecer o Código de Ética. Pra mim a utopia tem um caráter positivo. Utopia é o que nos resta. É a esperança que temos mesmo sabendo que a elite nem tá aí para códigos de ética. Para que código de ética pra quem só tá preocupado com regra de etiqueta.

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