terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Vovó bomba

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Há algum tempo tento me colocar no papel dos homens bombas. O que se passa na cabeça de um sujeito que resolve colocar uma cinta de bomba e cumprir seu objetivo de explodir o "inimigo".

Você já pensou nisso? Jesus Cristo teria feito o mesmo?

Procurei entender o que leva um homem ser bomba em livros, revistas e internet. Tenho me surpreendido. Minha empatia as vezes me assusta. Ontem li mais uma história de um homem bomba que me chamou muito a atenção.
Primeiramente, não era um homem bomba. Sei que neste caso homem refere-se a ambos os gêneros. Mas prefiro dizer que era uma mulher bomba ou melhor uma vovó bomba. Não estou ironizando, nem brincando. Falo sério! Me indigno! Perdi minha avó a pouco tempo e sinto muito a sua falta. Eu disse: a empatia me assusta!

Segundo a reportagem a vovó se chama Fátima An-Najar. Vó Fátima é uma palestina de 67 anos que carrega toda a dor e sofrimento da humanidade. Ela foi pelos ares. Alguém pode dizer que nada justifica uma ação assim. Mas espera! Vou contar mais.

A vovó deu adeus a todos. Despediu-se do mundo. Liquidou-se num protesto contra a ocupação israelense. Ela não consegiu acenar para o marido, dois filhos e o neto. Todos já tinha sido mortos pelo covarde exército de Israel. A empatia me maltrata. Você já conseguiu se colocar no lugar dela?

Imaginar a dor que ela sentia me amolece as pernas, me entristece... Vó Fátima não teve que decidir. Perdeu o marido. Depois perdeu um filho. Depois o outro. Mas quando seu neto de 17 foi assassinado ela não sentiu medo, insegurança ou indecisão. Ela explodiu! de raiva, de ódio, de indignação, da insuportável dor da injustiça.

Atitudes como essa acontecem diariamente. A grande mídia ocidental e nela se inclui os monopólios de informação do Brasil não se manisfestam. Homens bomba são números. Uma realidade distante. Jornalistas que não tem a mínima empatia. Chegam em casa olham pros filhos saudáveis e felizesç. Egoístas! Não sabem do papel que eles têm nesta tragédia chamada Palestina. Podia ser tudo diferente.

Eu quero entender as razões dos homens bomba. Eu quero que a grande mídia me conte, me mostre as razões que levam as pessoas à atos desesperados. Eu não quero mais saber as razões dos imperialistas, das grandes corporações, dos lucros, da supremacia, das vaidades, da hipocrisia. Eu não quero!

Vovó Fátima, ninguém pode te julgar pelos teus atos. A empatia faz com que a tua dor seja o meu mal-estar, aqui sentado, sem saber como ajudar, num país que também sofre de injustiças.

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