segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Simplesmente colorado!

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1974, fevereiro. Nasci na vibração colorada. O Internacional daquela época só ganhava títulos regionais. E ganhava muito bem. No campeonato gaúcho daquele ano ele não conheceu outro resultado que não fosse a vitória. Em 18 jogos disputados, todos vencidos ele estava obstinado a vencer no Brasileirão. Não sabiámos nós, os colorados que em 1975 iríamos ganhar o nosso primeiro título nacional. E a história vitoriosa se repetiu em 1976. Fomos octa-campeões gaúchos e mais uma vez campeão brasileiro.

Toda essa euforia me contaminava. Ouvia e me animava com samba, segundo minha mãe, Beth Carvalho, Chico Buarque, Benito di Paula. Não demorou muito para eu ir me habituando com o futebol, principalmente aquele que fazia a festa nos pampas e pelo Brasil a fora.

Em 1979, aí sim, tive meu primeiro contato com aquela que seria uma das minhas grandes paixões: o colorado. Naquele ano lembro da minha mãe, gremista, costurando uma enorme bandeira do Inter para o meu primo de Campo Grande para a gente comemorar o título que dias depois realmente se concretizara. Era realmente enorme. Um pedaço branco costurado num vermelho e assim consecutivamente até formar, quem sabe, a maior bandeira do Inter da minha cidade. Era um dia muito quente e Falcão e Jair trataram de o deixar mais quente ainda. O Inter era tri-campeão brasileiro. E mais ainda, com um "agravante" muito positivo. Ganhou o título invicto. Quer dizer, não conheceu o gostinho da derrota.


Saímos para a rua para comemorar aquela façanha. O chevete que seria o responsável pela festa não aguentou o tamanho da bandeira. A saída do meu tio foi apelar para uma chevrolé veraneio. E foi para o ar aquela bandeira gigante e o gostinho de ser campeão. Dentro daquele carro estava eu, feliz da vida.

Sofri muito com esse time. Tive também muitas felicidades. Mas nada se compara ao título de campeão da América e campeão do Mundo. Foram anos assistindo os rivais vencendo. E nós não acertávamos o passo. Lotamos o nosso gigante Beira-rio várias vezes apenas para curtir o gostinho de uma vitória numa tarde ensolarada de domingo. Ganhamos gauchão, copa do Brasil, ficamos anos e anos sem ganhar nada. Em 2006 as coisas mudaram, ganhamos dois títulos muito importantes. Simplesmente somos campeões da América e campeões do Mundo!

Aquele piá que nasceu na vibração colorada, não desistiu e ontem, domingo, ficou muito feliz. Ontem eu vi a veraneio com uma bandeira enorme e dentro dela eu me vi. Estava comemorando quando passou de carro meu irmão. No banco de trás, estava o João, 2 anos, sereno, observando a festa. Assustado com o dindo que gritava com uma bandeira amarrada nas costas. O João tava de calção do Inter. Não falou nada. Acho que ele estava também curtindo a vibração colorada. Daqui alguns anos, João, tu vai entender o que signifca tudo isso. Sou colorado, campeão brasileiro, campeão da América e do Mundo! Simplesmente colorado!

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