segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Assédio Moral do começo ao fim

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O trabalho, na sua forma convencional, está associado cada vez mais com sofrimento. Na etapa de seleção e recrutamento alguns indivíduos são escolhidos em detrenimento de outros. Desempregado o ser humano sofre. Empregado ele sofrerá para não ser novamente um desempregado. Tudo muito óbvio. Tudo muito claro, não fosse a possibilidade que o ser humano tem para mudar o seu próprio destino. O sofrimento é inerente ao ser humano? Tanto trabalho como sofrimento sempre vão existir. O que pode ser mudado é a organização do trabalho.

Dejours aponta a organização do trabalho como principal fator determinante da psicopatologia do trabalho, geradora de conflito na medida em que opõe o desejo do trabalhador à realidade limitada do trabalho. A destruição desse desejo se dá em função de dois pontos cruciais, o conteúdo das tarefas e as relações humanas.

A intensidade das tarefas, os horários de trabalho, as dificuldades na execução parecem pouco importar. A relação de poder do modelo hierárquico me parece muito mais causador de sofrimento que as demais especificidades do trabalho. Porém, todas elas se relacionam. O trabalho noturno praticado mais claramente na madrugada, aquele na qual o trabalhador deixa seu ambiente de trabalho quando o dia está amanhecendo trás diferentes formas de sofrimento. A rotina do trabalhador noturno é diferente do seu grupo familiar. Raramente este sujeito terá um contato 'normal' com seus familiares. Tenho opinião que o ser humano não está fisiologicamente preparado para o trabalho sistemático noturno. O sofrimento pode, neste caso, se tornar uma agressão nem sempre aceita. Doenças sem explicação são descritas diariamente. Estas doenças são melhor explicadas pelos estudos sobre a psicossomática. Os problemas psicológicos advindos do trabalho são estampados no corpo sem motivos aparentes.

A mudanças dos hábitos de produção e organização do trabalho poderiam ao meu ver melhorar a vida de todas as pessoas. É uma questão de escolha. Que destino queremos? Quando questionamos nosso destino nos damos conta que ele depende muito da ideologia. O que queremos é sempre um ideal. Este ideal nem sempre é possível. O ser humano se sentirá muito mais feliz se pelo menos tentar. O assédio moral é uma questão ideológica e teremos um dia que enfrentá-la com coragem e sem hipocrisia.

Retomaremos este assunto!

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