O professor da PUC Álvaro Caldas nos apresenta o “provedor de conteúdo”. Um novo profissional, uma solução para grandes empresas jornalísticas. Mas, e o leitor?
Muito se discute sobre o futuro do jornal na era das novas tecnologias. O jornalista Álvaro Caldas no livro Deu no Jornal, o papel do impresso na era da internet tenta nos apresentar o “provedor de conteúdo”, novo profissional de comunicação que em breve estará por aí, nas ruas e nas redações. Será ele uma solução? Acredita-se na importância do conteúdo, mas não de um “salvador da pátria”.
Álvaro Caldas é professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, jornalista e ex-militante político durante a ditadura militar. Com nostalgia ele relembra do jornalismo praticado na década de 60 e 70. Um jornalismo romântico. No seu livro ele aceita as grande mudanças ocorridas nas redações, porém não deixa de apontar que burocratização do trabalho, os conglomerados multimídia, a velocidade exigida para a transmissão de informações tendem a nivelar por baixo. Para ele o grande repórter deixa de existir e entra em cena o provedor de conteúdo.
Para Caldas, o provedor de conteúdo será um outro tipo de repórter que abastecerá de informações as diversas mídias de um grupo com jornal, TV, rádio e internet. O jornalista diz que esse novo profissional “se deslocará para a rua equipado com celular, fone no ouvido, gravador e camêra. Desdobrando-se em três ou quatro, do local onde estiver receberá instruções e passará diretamente as informações a um controlador-chefe que comandará toda a operação”.
No capítulo O desafio do velho jornal é preservar seus valores, o jornalista não diz que o provedor de conteúdo será a solução, porém ele acredita ser inevitável o aparecimento deste novo profissional. Para Caldas, “o jornal do futuro chegará aos leitores via e-mail, televisão inteligente, pelo on-line e pelas diferentes formas de TV paga.” Para ele com essas novas mídias, “o diferencial entre um jornal e outro será dado pelo conteúdo e quem tiver o melhor conteúdo terá vantagem competitiva no mercado futuro”.
Inevitável ou não o que parece ser importante para o o jornalista e professor é a qualidade deste novo jornalismo. “Um jornal diário de qualidade na era dominada pela informação eletrônica, não pode abrir mão de um profissional com formação universitária qualificada, que fale no mínimo três línguas, que tenha massa crítica para compreender, interpretar e em seguida transmitir o que se passa no país e no mundo num texto em que haja criatividade e clareza”.
O grande desafio esta aí, posto a mesa. Como poderemos adequar o jornalismo clássico com o jornalismo baseado nas novas tecnologias? O “provedor de conteúdo” não é a solução, tampouco inevitável. De tudo o que permanecerá será a qualidade do texto e do conteúdo. Como diz Álvaro Caldas, o “caos da informação exige jornalismo mais seletivo, qualificado e didático”. E passa a responsabilidade. “Caberá, em último caso, ao leitor conferir. É dele a palavra final.”
segunda-feira, 24 de abril de 2006
A resistência do jornalismo romântico
Postado por Lêandro às 20:41
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