Recomendo o filme "Boa noite, boa sorte" de George Clooney que mostra como o jornalista Ed Murrow tornou-se um mito na defesa do jornalismo.
Trechos dos textos de Murrow na década de 50. Vale a pena assistir esse filme.
"Se ainda houver historiadores daqui a 50 ou 100 anos e tiverem sido preservados filmes de uma semana de nossas três redes, eles encontrarão ali gravadas em preto e branco, ou cor, as provas da decadência, escapismo e alheamento da realidade do mundo em que vivemos. "
"Estou inteiramente convencido de que o público americano é mais sensato, contido e mais maduro do que todos os programadores da televisão acreditam. Eles têm medo de controvérsia, mas isto não se baseia em fatos. Tenhos motivos para saber, como muitos de vocês, que quando os fatos de um assunto controvertido são apresentados de modo equilibrado e calmo, o público reconhece o esforço para iluminar, em vez de agitar".
"Qual é a resposta? Meramente continuarmos nos nossos ninhos confortáveis, concluindo que cumprimos com nossas obrigações quando o que fazemos é informar o público num tempo mínimo? Ou acreditarmos que a preservação da república é um trabalho de sete dias por semana, exigindo mais consciência, melhores habilidades e mais perseverança?"
"Me assusta o desequilíbrio, o constante empenho em atingir a maior audiência possível a qualquer preço; a ausência de um estudo contínuo do estado da nação. Heywood Brown disse que "nenhum corpo político é saudável até começar a coçar". Gostaria que a televisão produzisse alguma pílula de coceira em vez do interminável eflúvio de tranquilizantes. Pode ser feito. Talvez não seja, mas pode".
"Se continuarmos como estamos, protegeremos a mente do público americano de qualquer contato real com um mundo ameaçador que nos cerca. Estamos engajados num grande experimento para descobrir se uma opinião pública livre pode criar e dirigir métodos para administrar os negócios da nação. Podemos falhar. Mas não devemos nos sabotar sem necessidade".
"Somos ricos, gordos, confortáveis e complacentes. Temos uma alergia inata à informação desagradável ou perturbadora. Nossos meios de comunicação de massa refletem isso. Mas a não ser que levantemos nossos gordos excedentes e reconheçamos que a televisão tem sido usada para nos distrair, iludir, divertir e alhear, um dia a televisão e quem a financia, quem assiste e quem trabalha nela, poderão ver tarde demais um quadro totalmente diferente... Se continuarmos assim, a história vai se vingar, e o castigo não demorará a nos alcançar".
"Gostaria de ver a televisão refletir de vez em quando as realidades duras, resistentes, do mundo em que vivemos... Para aqueles que dizem que as pessoas não assistiriam, não se interessariam, que são muito complacentes, indiferentes e alienadas, só posso responder: há na opinião deste repórter muitas provas do contrário. Mesmo que estejam certos, o que têm a perder? Porque se estiverem certos, e este instrumento não servir para nada a não ser entreter, divertir e alienar, então o tubo já está falhando e em breve toda a luta estará perdida".
"Este instrumento pode ensinar, pode iluminar, sim, e pode até inspirar. Mas só na medida em que seres humanos estejam decididos a usá-lo para tal. De outro modo, são só fios e luzes numa caixa. Há uma grande batalha, talvez decisiva, a ser travada contra a ignorância, a intolerância e a indiferença. Esta arma, a televisão, pode ser útil. Stonewall Jackson, que sabia algo sobre o uso de armas, teria dito, "quando a guerra chega, é preciso empunhar a espada e jogar fora a bainha". O problema da televisão é que está enferrujando na bainha durante a batalha pela sobrevivência".
quarta-feira, 1 de março de 2006
Boa noite, boa sorte
Postado por Lêandro às 02:25
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2 comentários:
já tava afim de assistir... agora fiquei com vontade!! =)
bjo!
"Tudo o que voce quiser fazer ou sonha que pode, comece. A ousadia
traz em si o poder." Goethe
ESSA É PRA TI LEANDRO!
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